Gilmar, Simone e João Gabriel: janeiro 2011

Depois de um ano de trabalho e expectativa, felizmente, mais uma vez está chegando à hora de colocar a moto na Estrada, desta vez, rumo ao Chile. Infelizmente, diferente das duas últimas viagens, para o Nordeste em 2006, e para a o Sul do Brasil, Uruguai e Argentina em 2007, desta vez não terei a companhia da minha esposa Simone, companheira perfeita de todos os momentos e grande apreciadora de viagens de moto. Que desta vez, não vai poder estar na minha garupa, e vai acompanhar a viagem pela NET. Mas, é por um motivo “mais” que nobre, e que nós estamos grávidos, e no final de julho/2008 o nosso filho, João Gabriel tá chegando na área.
Para dizer a verdade, quando soubemos que o João Gabriel estava a caminho, em meados de novembro/2007, nós decidimos imediatamente cancelar esta viagem, que já estava programada desde que voltamos da Argentina, em março de 2007. Porém, a Simone, sabendo da minha paixão por viagens de moto, e o quanto era importante para mim realizar esta viagem, que já estava com toda a logística planejada, liberou-me o alvará para eu ir só. O que, a principio, eu descartei imediatamente, mas, depois, pensando bem, resolvi tocar o projeto e finalizar (pelo menos por algum tempo), com esta viagem ao Chile, e talvez também com um livro (um sonho antigo meu), este ciclo, que começou com a minha primeira viagem de moto, em fevereiro de 2002, para Porto Seguro, e que continuou com outras quatro grandes viagens sobre duas rodas, uma vez a cada ano, exceto em 2003, em que tive o prazer de conhecer 19 estados do Brasil, além de parte do Uruguai, Argentina e Paraguai. Porém, além dos pontos turísticos que, tive o prazer de conhecer, nestas viagens, o melhor, mais edificante e enriquecedor para mim, foram às experiências que eu vivi e principalmente, as pessoas que eu tive o prazer de conhecer. Desde um simpático motorista de táxi em Buenos Aires, o Sr. Sorzo, até o dono de um simples restaurante em Paulino Neves, no interior do Maranhão, o Seu Teté. Além, é claro, dos amigos do Clube XT, que muito me ajudaram com a preparação destas viagens, dando dicas valiosas, além de vários que me receberam em suas casas, e também as inúmeras palavras de incentivo no site. Não vou citar nomes, pois corro um sério risco de ser injusto, pois todos foram importantes para mim.
Depois que eu voltar desta viagem ao Chile, durante algum tempo, até o João Gabriel nascer e ficar grandinho, eu e Simone vamos priorizar as viagens de carro, mas, “nunca” abandonar os encontros e os amigos do Clube XT. Vamos de “coxinha”, levando o Baby para conhecer os tios, mas vamos.
Nossa trupe, nesse projeto que batizamos “Do Atlântico ao Pacifico sobre duas Rodas”, será composta por Eu, o Lécio de Petrópolis/RJ, Guilherme & Isabela de Niterói/RJ e o Vinicius & Priscila do Rio/RJ.
Gostaria também de agradecer de modo especial aos amigos do Clube XT, Biu, Toninho Itajaí e ao Ximu, que me ajudaram muito na preparação da logística da viagem, com dicas valiosas

Vamos agora a um pequeno resumo desta maravilhosa viagem :

Saímos do Rio no dia 08 de março, por volta das 7h30min da manhã, um sábado de tempo nublado, a partir da capital paulista, pegamos chuva até Ourinhos/SP, onde passamos a primeira noite. No segundo dia nosso destino era Foz do Iguaçu/PR, onde chegamos no começo da noite, após outro dia, em que a chuva foi a nossa companheira fiel.

Passamos dois dias em Foz do Iguaçu, alguns foram conhecer as Cataratas, e todos foram as compras no Paraguai. No dia 11 de março, uma terça feira, entramos na Argentina por Puerto Iguazu. Nosso destino era Presidente Roque Saenz Pena, onde chegamos tarde, por volta das 22h00min, em função de um erro, quanto ao total de kms a serem percorridos neste dia.

De Roque Saenz Pena, seguimos para Salta, atravessando o Chaco Argentino, que ao contrário do que esperávamos, por ser uma região parecida com o Nordeste Brasileiro, teve a chuva como nossa companheira durante todo o dia. Ficamos um dia em Salta, cidade bonita e interessante de se conhecer, de Salta Seguimos para Jujuy, fizemos uma pequena manutenção nas motos, e no dia seguinte seguimos para Maymará, já acima dos 2.500 metros de altitude.

O dia seguinte, seria o dia mais esperado de toda a viagem, pois iríamos atravessar o Paso de Jama e finalmente chegar ao Chile. A travessia foi tranqüila, pois estávamos bem preparados e precavidos, porém, as belezas que vimos, superaram todas as nossas expectativas, neve, vulcão, salar, estar a 4.800 metros de altitude, etc. Tudo isto foi de tirar o fôlego e marcar para sempre este dia, como um dos mais emocionantes da na minha vida.

Nossa chegada a San Pedro do Atacama, foi um misto de alegria e sentimento de missão cumprida, pelo objetivo principal alcançado. O tratamento da aduana do Chile, burocrata, frio e sem nenhum sinal de simpatia, foi o único ponto negativo do dia, pois estávamos acostumados, até então, com o ótimo tratamento dispensado a nós pelos irmãos Argentinos.

Mais tarde,infelizmente percebemos que esta era a regra, com raras exceções, em toda a nossa passagem pelo Chile. A cidade de SPA, com suas ruas empoeiradas e seus preços de assustar, também não nos passaram uma boa impressão a priori. Ledo engano, pois não imaginávamos as belezas que existem em seus arredores. Chegamos em um hotel exaustos e já compramos um passeio para conhecer no dia seguinte os gaiseres Del Tatio, num passeio que saí do hotel, as 4h00min da madrugada.

Este passeio nos fez esquecer toda a má impressão da chegada ao Chile, pois é uma experiência incrível, vimos os gaiseres, pegamos cinco graus abaixo de zero, e por fim, tomamos banho em uma piscina natural, acompanhados de turistas de todo o mundo. Em SPA, ainda conhecemos o Vale de La Luna, onde foi feito o filme Mad Max, com um visual da Cordilheira dos Andes, de deixar o mais viajado dos turistas, sem fôlego.

Pela Rodovia Panamericana, seguimos para Santiago, pernoitando o primeiro dia em Chanaral e no segundo em La Serena, onde conhecemos o Pacífico, pois parte da Rodovia segue beirando o mar, num trecho que me fez lembrar a nossa bela Rio-Santos. Também fizemos uma rápida passagem por Valparaiso e Vina del Mar, com suas mansões e preços ainda mais assustadores. Como esta não era literalmente a nossa praia, e apenas queríamos conhecer estas famosas cidades, seguimos viagem e chegamos no começo da noite em Santiago.

Santiago, me surpreendeu pela beleza da moderna arquitetura, com um grande número de novos prédios em construção, ruas limpas, trânsito organizado, inexistência de carros velhos nas ruas, além do que mais surpreende a nós Brasileiros, nenhuma favela, mendigos, ou algum outro sinal explicito de miséria, o que, infelizmente, é comum em qualquer cidade Brasileira, independente do tamanho.

Ficamos dois dias em Santiago, e tivemos oportunidade de conhecer todas as belezas desta capital Sulamericama, com cara de primeiro mundo. De lá seguimos para Mendoza, via túnel Cristo Redentor, e conheci todas as belezas desta travessia da Cordilheira dos Andes, que povoavam a minha imaginação deste a adolescência, o próprio túnel, os caracoles, a ponte Inca, o cemitério dos Andinistas, tudo ali bem perto dos meus olhos, transformando o meu sonho em realidade.

Foi uma experiência ímpar, que também jamais esquecerei. Em Mendoza, fizemos uma nova pequena manutenção nas motos, e fizemos um tour pela noite, curtindo pouco a bela cidade, em função do reduzido tempo disponível.A partir de Mendoza, cada kms rodado nos aproximava de casa, e a saudade já estava apertando.

Seguimos até Rio Cuarto, nesta região, a paisagem se resume a grande retas, sem grandes atrativos, o que fez com a viagem rendesse mais, de Rio Cuarto, seguimos para Concórdia, já perto da fronteira do Uruguai, de lá, a fim de evitar a policia Argentina nos arredores do RS, conhecida como a mais corrupta de todo o país, fizemos uma pequena incursão pelo Uruguai, onde rodamos apenas 250 kms, e entramos no Brasil pela cidade de Quarai/RS, onde nos separamos, seguindo eu e o casal Guilherme e Isabela, pela região das Missões, e os demais por Porto Alegre.

Neste trecho, passamos em Itaqui/RS, onde visitamos o casal de amigos motociclistas Luciano e Andréa, que calorosamente nos recepcionaram com um belo churrasco Gaúcho, de Itaqui fomos em dois dias, via Passo Fundo e Erechim até Curitiba, de onde viemos direto ao Rio, rodando 800 kms em um único dia. Cansados da viagem, mas, cheios de belas lembranças vividas nestes 20 dias de muitas emoções, que jamais iremos esquecer.